Meu Filho não é apenas um bebê. Juro. Suspeito ser ele a doçura, em pessoa! Um sorriso em forma de criança... Talvez um baú pequenino repleto de encantos... Ou até mesmo um raiozinho que escapuliu do sol e veio parar aqui, na minha vida!
Ele não é uma simples pessoa, confesso...É um serzinho sublime, muito pequeno, dependente. Eu acho... Mas dentro dele cabe a maior felicidade do mundo! Temo algum dia eu explodir, de tanto orgulho. Ou morrer, de tanto amor!
(Por Daline Carla)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

H-O-M-E-N-S!

Vidinha monótona, sem novidades, sem grandes emoções. Vontade de viver uma aventura. Grande ideia: Botar marido para ajudar nos cuidados médicos de Caio.

A tarefa era simples: dirigir-se ao laboratório de análises pré-selecionado por mim - por ser o mais vazio da cidade. Entregar os papeis que deixei em ordem - fixados por um clipe. Assinar os papeis. Levar Caio na sala onde fosse chamado para botar o coletor de urina e esperar o menininho fazer xixi. Simplesinho. É pedir demais?

Contato nº 01: volta ele depois de 5min que saiu, com Caio nos braços e mochila nas costas - esqueceu o guarda-chuva.

Contato nº 02: 15 minutos depois voltam os dois de novo - sapato machucando o pé, já estavam na avenida mas resolveu voltar para trocar.

Fico impaciente e peço pro meu pai leva-los.

Contato nº 03: Ligação dizendo que o laboratório estava super lotado, que estava na fila para pegar senha. Oriento dizendo para pedir para colocarem o coletor antes que faça a ficha - embora estranhe, pois o Hormon raramente está cheio.

Contato nº04: Ligação informando que estavam no laboratório errado. Meu pai os deixou no primeiro laboratório que viu, e ele entrou sem nem olhar o nome na fachada.

Concentro todas minhas forças em meu auto-controle. Estou num dia bom. Não programei nenhum chilique para hoje.
Oriento como chegar ao local correto.

Contato nº 05: "Caio está tomando algum remédio nos últimos 7 dias?" (Ufa! signifca que estão no local certo, no Hormon perguntam isso mesmo...)

Contato nº 06: "O coletor foi colocado às 10h20, será retirado às 10h40. Se Caio não fizer xixi seinão... acho que vou embora." (Pobre pai, mal sabe que eu já esperei 3h por esse bendito xixi! - Ainda estou me controlando, destrui só a metade dos móveis.)

Apreensiva, aguardando cenas do próximo capítulo.
Tensa. Ansiosa. Cheia de expectativa.
Arrependida até o último fio de cabelo.

Mas consegui arranjar grandes emoções.

H-O-M-E-N-S!!!!!!!

PS 1: o contato de nº 07 foi para avisar que Caio fez xixi. E coco. Babaus exame! Papai teve de se virar e trocar a fralda de número 2. Número 1 ele encarava, diariamente. Mas essa foi um desafio. Fiquei com tanta dó que a vontade de matá-lo diminuiu em 30%...
você também hein Caio... não colabora, menino!

PS 2: posso adiar o exame para depois do desfralde?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ser mãe de alérgico é...

Viver uma grande emoção a cada troca de fraldas;
Comemorar cada dia que se passou sem nenhuma reação;
Comemorar "reações leves";
Contar número de vômitos diários, usando os dedos das mãos, dos pés e ainda faltar alguns dedos;
Ir ao mercado e ficar paquerando a prateleira de leites, escolher um tipo para cada fase, ver todas as fases se passarem e você não pôde comprar nenhum deles;
Sonhar com danoninho, biscoitos e bolos que nem se sabe se o alergicozinho vai gostar;
Investigar rótulos de alimentos;
Ligar de SAC em SAC para saber se tal produto é "limpo";
Ter dúzias de informações erradas e continuar ligando mesmo assim;
Escrever um blog falando sobre coco, brotoejas e noites insones;
Achar que o mundo desmoronou cada vez que um alimento novo dá errado,
e, com a mesma intensidade, sentir que nada mais pode dar errado cada vez que algum alimento é introduzido com sucesso;
Conhecer (e ter em casa) uma dúzia de anti-alérgicos;
Suspeitar de tudo e de todos;
Tirar fotos - no mínimo - inusitadas;
Procurar o alimento "culpado" cada vez que o baby tosse;
Adiar a ida à escola o máximo que puder;
Conhecer siglas como APLV, SO, AA, IGE...
Ensinar seu filho a alimentar-se de forma saudável - mesmo que sem querer;
Ter o número de telefone de gastro, pediatra, alergo, imuno, pneumo, homeopata e bombeiros na agenda de seu celular;
Tentar controlar-se o tanto quanto puder para não ligar para nenhum deles;
Não resistir e ligar sim - para desespero dos pobres médicos;
Encontrar centenas de opiniões erradas;
Descobrir que você sabe mais sobre a saúde de seu filho do que a maioria dos profissionais a quem recorre;
Encontrar algumas opiniões certas e apegar-se à elas;
Aprender a confiar em seu instinto de mãe;
Investir em dieta, dieta rigorosa, dieta radical para apressar a cura;
Afrouxar na dieta e fingir que não viu para apressar a cura;
Aprender a aceitar - e as vezes pedir doações;
Conviver com a frustração de não poder bancar a comida do seu filho;
Conhecer outras crianças com o mesmo problema, conhecer crianças com problemas piores, fazer amizades com mães desconhecidas, encontrar abrigo e amparo em mensagens virtuais, solidarizar-se e acompanhar casos de outras crianças e torcer por elas como se fossem seus filhos também;
Acompanhar cada progresso com entusiasmo;
Chorar de emoção ao perceber que seu filho quase não vomita mais;
Comemorar cada introdução alimentar bem sucedida;
Comemorar cada retirada de medicamentos bem sucedida;
Saber enumerar, de cabeça, muitas vezes até contar nos dedos (dessa vez só os das mãos...) cada alimento que seu filho pode comer - e morrer de orgulho de cada um deles;
Fazer uma festa quando o baby (que já nem é tão baby assim) dormir uma noite inteira pela primeira vez;
Decretar feriado nacional quando ele dormir bem por uma semana inteira;
Convocar a rainha da Inglaterra para a festa quando atinge o brilhante marco de 1 mês seguido de noites bem dormidas;
Perder a esperança novamente, mas lembrar-se de que não pode desistir;
Perder a vontade de desistir;
Seguir em frente sempre;
Saber que a recompensa por tudo isso jamais poderia ser melhor: garantir o bem estar dessa pessoinha que, com alergia ou sem alergia, com diarreia ou constipação, pele boa ou empolada, vomitando ou cheirosinho, pedindo a comida proibida do coleguinha ou em greve de fome, chorando a noite toda ou dormindo a noite toda por conta da sedação do antialérgico...é seu filho querido, o melhor que você poderia ter, o mais amado dentre todos os filhos do mundo, um serzinho tão especial que te deu o privilégio de ser mãe. Ser mãe de alérgico. Mas não de qualquer alérgico...

Orgulho de ser mãe do MEU alérgico! Orgulho de lutar por ele até o fim, mesmo quando minha sanidade é colocada em questão.

É assim que sou.

E, afinal, me digam: sou muito diferente desta espécie surtada, neurótica, obsecada, louca de amor e incrivelmente encantadora conhecida como "MÃE"?

PS: boto uma fotinha de mamãe e Caio assim que eu fizer um escova decente e dar um trato no visu... sabe como é... o feijão acabou comigo. Tudo culpa do feijão.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quanta Reflexão causa o simples Feijão!

Dieta nunca é legal. Dieta para emagrecer ou engordar (ah essa última eu confesso que adoraria), dieta por conta de alergia, de diabetes, pressão alta e o escambal, maltratam a gente. Privam de um dos maiores prazeres da vida: o de comer com liberdade, comer o que quiser, o que tiver vontade. Vão além disso: prejudicam o convívio social, isolam, criam restrições que vão além do ato de alimentar-se. Temo que criem consequências a longo prazo, que mudem a forma que um individuozinho tem de encarar a comida.  Mas de uma coisa não há dúvidas: dieta em criança é bem pior... e, dieta em criança que, só por um acaso, é seu filho, é golpe baixo! É tortura, é desgastante, é incerto. É revoltante. "Mamãe, qué! dá!". E daí as palavras somem... comé que vou explicar pro coisinha fofa, apenas um bebê grandinho (ou um menino pequenino) que não pode isso, não pode aquilo? E porque o amiguinho ao lado está comendo?

Ah cansei. To pedindo para sair. Abandono o barco mesmo, bota aí no piloto automático. Jogo a toalha, o próximo da fila que a recolha. Quero mais brincar disso não.

Pausa para respirar.

Báh! Lembro-me que não posso me dar o luxo de desistir...Estamos falando de um serzinho completamente dependente de mim, dos meus cuidados, do meu esforço. Preciso lutar pelo bem estar dele, eu sou a maior interessada na saúde dele porque depois que não dorme sou eu porque ele ainda não pode se decidir por si só.

Mas é tentador apressar as coisas, nem que seja só um cabelinho... Arrancar a alergia na marra, ou simplesmente ignora-la... fingir que não vejo... se funciona com a birra, quem sabe funcione com sintomas e reações? Huum... mais tentador que brigadeiro de panela. Depois que Caio dormir, é claro.

Tudo caminhando por aqui, com muitos progressos, sempre...  (e cê ta reclamando de quê, muié?). Já temos no cardápio: arroz, carne, frango, batata, mandioquinha, abobrinha, abóbora, cenoura, "árvre" - ops, brócolis -, maçã, banana, pêra, mamão, goiaba, laranja, amido de milho. Hum já dá pra fazer um banquete né? Mas ainda não dá pra fazer uma feijoada. Então não sossego.

Faltou um tiquin de coragem para a feijoada, então resolvi começar pelo caldinho de feijão mesmo. O carioca, que na verdade são os paulistas quem adoram - hehe. Primeira tentativa: Caiozito adorou comer um papá igualzinho ao do papai. Mas algum tempinho depois já vomitou. Mêda! Parei. No outro dia ele amanheceu gripado e a louca da mãe ainda ficou feliz: Rá! então o vômito pode ter sido por conta da gripe!

Esperei a gripe passar... gripei junto só por companheirismo...e agora o papai tb, afinal, somos uma família unida. Já curado (só o Caio, pois os outros ainda não se sabe se sobreviverão...), dei o famoso de novo. Diarreia. Outra vez. Mais uma. E mais uma. Êpa êpa êpa! Agora pode maisena (com "s" pois a marca ainda não me acertou o patrocínio). Lá vamos nós, unir o mingau ao esquadrão constipante da maçã e arroz, e, enfim, diarreia controlada. Deixou uma assadura de lembrança que não sára por nada. E tem uns barulhinhos no pulmãozin dele só para me irritar. Não ligo. To firme no meu propósito de ignorar. Enxergar é para os fracos. E hoje o cardápio do almoço foi...advinhem? arroz, carne, mandioquinha, uma "arvorezinha" só (pra não dar diarreia) e ele, o caldo de feijão! E a mamãe aqui torcendo para não ser reação, no máximo uma adaptaçãozinha mais pentelha...e ansiando que o conselho tutelar não bata à minha porta.

Por todos os lados sou incentivada a ignorar... fazer vista grossa... empurrar na marra. Caio precisa comer de tudo, já não dá mais para engana-lo com barrinha de arroz caramelizado okoshi - livre de traços. Ele escolhe o que quer, insiste, bate o pé, faz chantagem emocional (mentirinha, isso ainda não).

Seria ótimo ir nessa onda...e ficar livres de dieta... mas o restinho da droga de consciência materna que me sobra fica aqui martelando... me avisando que vai me acusar caso ele venha a ter alguma consequência no futuro...algum dano no intestino, algum retrocesso na dieta depois de saber o que é bom, algumas infecções de repetição, uso prologado de medicações, alguma unha encravada, espinha no nariz... um arranhãozinho que seja. Vai ser tudo culpa minha, que tive pressa de terminar a dieta alheia. Eita consciência (também chamada de energia negativa) que escraviza as mãezinhas!

Pobrezinha de mim, cujo filho único não pode nem comer feijoada.

Ah, só para constar, o que já deu errado nos testes, mas nem por isso sairam da lista de pretenções, estão apenas em stand by: beterraba, coco, uva, manga, trigo. Além do leite e soja, é claro, e alguns que esqueci de propósito . E nunca comeu ovo, oleoginosas, carne de porco, pimenta (cêmijura?) e etc.

Ao perguntar pela enésima vez à médica quando seria o teste do leite, fui informada que será quando ele completar dois anos (em março). Mas to planejando para janeiro... Segredo. Conta pra ninguém. É que preciso ter certeza se reage, antes de ter de entrar com ação judicial para garantir o direito de um marmanjo continuar tomando seu tetê depois que completar seus infinitos 2 anos de idade! Eeeeita Brasil!

Ps. 1: Não tá muito inspirado esse meu post né... to precisando de ainda mais orações! Please!

Ps. 2: Sem fotinhas hoje, to muito braba.

Ps. 3: Reclama não, já avisei no título que eram MUITAS reflexões.